Estudo de Caso: TSUNAMI

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Tsunami: hora de agir com a cabeça

“Um avião de carga realizou um pouso de emergência no aeroporto de Banda Aceh, no dia 4 de janeiro, depois de atropelar um búfalo. O trem de pouso do Boeing 737 ficou danificado na pista, fechando temporariamente o aeroporto e prejudicando o fluxo de remessas humanitárias enviadas às vítimas do maremoto na província de Aceh. Os helicópteros militares dos Estados Unidos, porém, continuaram em ação. O aeroporto permaneceu fechado o dia todo. O acidente forçou o adiamento de uma missão conjunta de diferentes agências da qual fazia parte o PAM (Programa de Alimentação Mundial das Nações Unidas) de Jakarta, e cujo objetivo era o de avaliar possíveis corredores logísticos e as necessidades, no longo prazo, das populações da costa ocidental de Aceh. Antes do fechamento do aeroporto, seu espaço aéreo já estava próximo do limite da capacidade em razão do fluxo cada vez maior de aeronaves com remessas humanitárias destinadas às mais de 10.000 vítimas do tsunami de 26 de dezembro do ano passado.”

O texto reproduzido acima foi retirado de um press release expedido pelo Programa de Alimentação Mundial das Nações Unidas em que o órgão relata as dificuldades encontradas pelos contingentes enviados à região para distribuição da ajuda humanitária recebida. No mesmo documento, com data de 6 de janeiro, o PAM solicitava US$ 256 milhões para alimentar os mais de dois milhões de vítimas do tsunami.

O elevado grau de destruição e de mortes causado pelo terremoto conferiu-lhe o triste título de maior catástrofe humana desde a Segunda Guerra Mundial, em que 160.000 pessoas (talvez mais) perderam a vida. Para impedir que a tragédia se alastre, vários grupos internacionais trabalham na reconstrução das áreas afetadas. Não será, porém, tarefa fácil. A onda assassina destruiu toda a infra-estrutura existente, arrasou hospitais, casas e escolas e interrompeu as comunicações, disso resultando um cenário complicado para a ajuda humanitária.

“O maior desafio, aquele que exige a resposta mais difícil, é exatamente o da velocidade de resposta. De modo geral, o que realmente causa sérios transtornos é o fato de que grande parte da infra-estrutura dos lugares atingidos ficou arruinada, o que impede a tomada rápida de decisões e obriga as equipes de socorro a improvisar locais, por exemplo, que reúnam todos os recursos. Isto porque nem todos os recursos enviados chegam necessariamente às regiões mais carentes ou ao seu destino final”, explica Luís Solís, professor de Gestão de Operações da Escola de Negócios Instituto de Empresa.


Solidariedade bem administrada:

“A tragédia não afeta apenas os países atingidos diretamente por ela; suas conseqüências são de proporções mundiais”, disse James Morris, diretor executivo do PAM, depois de verificar a situação na capital da Indonésia. “Há muitas vítimas tanto de países pobres como ricos. Milhões de pessoas do mundo todo são testemunhas da tragédia humana que se abateu sobre dez países da Ásia e da África. Felizmente, a ajuda humanitária enviada a essas nações foi a mais generosa e a mais rápida de toda a história.”

A solidariedade internacional manifestou-se no mesmo instante em que a tragédia era anunciada ao mundo, e foi crescendo conforme aumentava o número de vítimas e de pessoas atingidas. Além da ajuda econômica dos governos, organizações e cidadãos anônimos, muitas empresas também ofereceram seus serviços. A alemã Siemens, por exemplo, enviará tecnologia médica e especialistas em reconstrução para reparar os danos causados à rede elétrica e às linhas telefônicas; a TPG/TNT, empresa de correios e de logística, trabalha em estreita relação com o PAM; a consultoria Boston Consulting Group colocou-se igualmente à disposição do organismo internacional, enquanto a multinacional Unilever fornece apoio logístico.

“Levando-se em conta a dimensão e a complexidade (da tragédia), a logística está sendo muito bem administrada ou, no mínimo, tem proporcionado o bem maior que se pode esperar em uma situação dessas. A logística humanitária realizou grandes avanços nos últimos cinco anos”, explica Luk van Wassenhove, professor de Manufacturing da cátedra Henry Ford da escola de negócios Insead. Em sua opinião, o papel da logística é fundamental, sobretudo diante do grau de destruição provocado pelo maremoto. “Não compreendemos a complexidade da logística até o momento em que ocorre um episódio dessa magnitude. Para os políticos e para os meios de comunicação, é fácil falar que a ajuda não chega a tempo. Os políticos fazem declarações e promessas e se esquecem delas com muita rapidez depois que as câmeras desaparecem. Passadas poucas semanas, os meios de comunicação logo se interessam por outro assunto. Isto, porém, não porá fim ao sofrimento das vítimas”, critica duramente Wassenhove.

O professor da Insead critica a comoção que a mídia muitas vezes cria em torno de tragédias desse tipo. Em sua opinião, as pessoas deveriam se perguntar se o tsunami teria despertado tanto interesse se não houvesse centenas de turistas entre as vítimas. “Creio que a atenção dada teria sido muito menor. É o que ocorre, por exemplo, com Darfour. Não há mais notícias de lá. Será que há menos gente morrendo ali só porque as câmeras agora estão na Ásia?”, indaga ironicamente.

As declarações do professor Wassenhove ressaltam a necessidade de não se deixar levar pela euforia momentânea. O que realmente importa, garante, é coordenar os esforços, não deixar nada ao sabor da improvisação, e implementar planos de emergência realmente eficazes, porém, sem apelo midiático. Também é o que pensa o professor Solís. “Nessa hora, não basta ser eficiente, é preciso ser eficaz. O importante é que a ajuda chegue ao seu destino. É a velocidade da resposta que conta. Nesse sentido, e dadas as circunstâncias, os esforços feitos são de excelente qualidade.” Solís compara o processo de atuação com o setor de distribuição, aonde chegam “numerosas mercadorias diferentes a serem empacotadas ou acomodadas para o envio a seu destino final...” com o agravante de que “no local da tragédia, inexiste esse tipo de infra-estrutura”.

“Um dos maiores desafios logísticos talvez não seja o envio de ajuda aos países atingidos, mas, sim, a transposição da última milha. Em outras palavras: como fazer chegar a ajuda ao povoado mais distante, ou a um lugar sem infra-estrutura e sem transporte — prossegue Solís. Na América Central, por exemplo, o volume da ajuda oferecida sempre foi muito grande nos casos de terremotos, mas não há como fazê-la chegar aos lugares atingidos. A distribuição final talvez seja um dos desafios logísticos mais cruciais, já que grande parte da infra-estrutura acha-se destruída ou danificada.” Uma receita para superar de certa forma esse problema consiste em “recorrer à ajuda dos meios de comunicação e às informações, de modo que os itens prioritários cheguem aos lugares onde há maior necessidade deles”.
Muitas empresas e pessoas se mobilizaram para ajudar as pessoas atingidas pelo Tsunami, um ato de solidariedade, qualquer que fosse, naquele momento ia fazer toda a diferença. Se cada um ajudasse com um pouco, poderiam reconstruir a vida daquelas pessoas, suas casas, e sua moral. A espiritualidade esteve presente em todos os momentos, com os atingidos e com as pessoas solidarias que ajudaram. Foi a espiritualidade que fez, com que essas pessoas não desistissem de suas vidas. O espirito de doação e de reflexão foram fatores importantissimos na reconstrução da cidade.

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